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Entrevista com o Demônio



SINOPSE:
Entrevista com o Demônio é um longa-metragem de terror que conta sobre o apresentador de um programa de televisão dos anos 70, Jack Delroy (David Dastmalchian), que está tentando recuperar a audiência do seu programa, resultado da sua desmotivação com o trabalho após a trágica morte de sua esposa. Desesperado por recuperar o seu sucesso de volta, Jack planeja um especial de Halloween de 1977 prometendo e com esperanças de ser inesquecível. Mas, o que era para ser uma noite de diversão, transformou-se em um pesadelo ao vivo. O que ele não imaginava é que está prestes a desencadear forças malignas que ameaçam a sua vida e a de todos os envolvidos no programa, quando ele recebe em seu programa uma parapsicóloga (Laura Gordon) para mostrar o seu mais recente livro que mostra a única jovem sobrevivente de um suicídio em massa dentro de uma igreja satã, Lilly D'Abo (Ingrid Torelli). A partir desse fato, o terror na vida de Jack Delroy foi instaurado. Entrevista com o Demônio entra em temas complexos como a fama, culto à personalidade e o impacto que a tecnologia pode causar, tudo isso em um ambiente sobrenatural.

INFORMAÇÕES:
Categoria: Terror/Suspense
Direção: Colin Cairnes, Cameron Cairnes
Elenco: Ian Bliss, Laura Gordon, David Dastmalchian
Título original: Late Night with the Devil
Duração: 1h 29min
Classificação:
Ano: 4 de Julho de 2024

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Enredo (Contém Spoiler)

Ambientado nos anos 1970, o filme segue um popular programa de talk show noturno que, durante uma transmissão ao vivo, forças sobrenaturais começam a se manifestar no set. O carismático apresentador Jack Delroy tenta manter o controle enquanto eventos assustadores se desenrolam ao vivo, causando pânico nos espectadores e na equipe de produção.

Entrevista com o Demônio é um filme de terror dirigido pelos irmãos Cameron e Colin Cairnes. Estrelado por David Dastmalchian no papel do apresentador de televisão Jack Delroy, o longa aborda uma noite de Halloween em 1977, onde o programa liderado por Delroy é responsável por liberar forças demoníacas no mundo através de sua transmissão televisiva. Os acontecimentos do filme são apresentados em tela por meio de uma linguagem documental: apesar de ser uma história fictícia, o início faz uma retrospectiva da vida e carreira do protagonista e, em seguida, anuncia que o que o telespectador irá assistir é uma gravação encontrada da noite do programa e de cenas do backstage recuperadas, em melhor do estilo found footage. Com uma estética que retoma à época, por meio de cenários, figurinos e a cinematografia, o filme explora temas como a natureza do medo, o poder da mídia e o impacto do sobrenatural na vida cotidiana.

O longa é filmado de forma criativa dentro do modelo que deseja seguir: combinando terror e mockumentary, acompanha um formato de gravação dos anos 70 como realmente fosse um episódio perdido de um talk show. Assim, é fiel na sua abordagem dos programas de entrevistas noturnas norte-americanos, com vários segmentos reservados às personalidades que compuseram a trágica noite de Halloween que dita os acontecimentos do filme, especialmente a uma jovem que carrega uma entidade dentro de si e sua parapsicóloga, interpretadas, respectivamente, por Ingrid Torelli e Laura Gordon. David Dastmalchian, oscilando entre momentos de genuíno terror e uma caricatura quase cômica, estrela o longa-metragem como um personagem interessante e curioso, conseguindo fluir entre a persona de Jack Delroy para o público e o verdadeiro Delroy: um homem que, acima de tudo, desejava fama e sucesso. Com um roteiro promissor, que rapidamente se perde em previsibilidades, a força de Entrevista com o Demônio reside na direção criativa dos irmãos Cairne e, principalmente, nas atuações.

A intenção do found footage ressoa em uma estética setentista recriada com precisão, desde os cenários do programa até os figurinos das personagens, com uma cinematografia granulada que evoca a televisão da época. Tal atenção aos detalhes ajuda a imergir os espectadores na época e a dar uma sensação de realismo à trama sobrenatural. A trilha sonora é eficaz em construir a atmosfera para as cenas de suspense e terror, complementadas pelos efeitos práticos utilizados. A escolha de um talk show como cenário permite uma exploração interessante de como o terror pode se infiltrar na vida cotidiana e como a mídia pode amplificar ou distorcer essa experiência. Ainda, ao tentar inovar ao ambientar sua história de terror em um programa de TV dos anos 70, a execução deixa a desejar em vários aspectos.

Seu começo, que ressoa em documentários de true crime, reserva a sua mediocridade: um filme que nunca conquista aquilo que está à sua frente em termos de terror. Terror esse que, muitas vezes, ameaça chegar no jumpscare, uma técnica não utilizada em tela. A escalada gradual de eventos sobrenaturais é interessante de acompanhar, entretanto a tensão construída acerca da presença maligna no programa e o que leva a sua eventual tragédia final é decepcionante. Ainda, pode ser divertida para quem gosta do gênero — um dos momentos de possessão ressoa em filmes como O Exorcista e Invocação do Mal, que têm seus protagonistas citados, porém cai em um diálogo sem graça, que apenas tenta provocar o personagem de David Dastmalchian.

O filme também adquire tons de paródia dentro do próprio gênero: não só pela linguagem de documentário que usa e pela metalinguagem de trabalhar com um programa de talk show, mas ao abordar tópicos como a perseguição da fama e típicos boatos de seitas onde pessoas fazem sacrifícios em nomes do sucesso. É assim que a conclusão dos eventos reside no passado de Delroy e o que o personagem fizera a fim de conquistar um público para o seu programa: os eventos trágicos da noite, transmitidos ao vivo em todo os Estados Unidos, levam-o a conquistar sua maior pontuação de audiência. Há momentos reservados para a comédia, concentrados, quase que unicamente, no programa ao vivo e no personagem Gus (Rhys Auteri), o assistente de Delroy, que funcionam de maneira simples, causando certo divertimento.

Com um final confuso e desinteressante, o que decepciona no filme, efetivamente, é seu uso de inteligência artificial para a criação de preguiçosos title cards e para a combinação de alguns elementos fílmicos. Apesar de ser um tema que alguns cineastas já começaram a abordar, como David Cronenberg em Cannes, reconhecendo-a como uma ferramenta que eventualmente não será possível fugir de, a I.A. ainda é um estigma no cinema e, em Entrevista com o Demônio, é usada em forma de descaso com o telespectador: ela não expande os limites do filme, apenas limita mais ainda a criatividade de uma narrativa que precisava dela acima de tudo.


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